1º Corintios cap.13 - vers. 01 - *** Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.*** Pai, vem em meu auxílio e reforça minha fé a fim de que eu possa pôr em prática a missão recebida, realizando as tarefas que Jesus me confiou para o serviço do Reino.
domingo, 16 de dezembro de 2012
POEMA DE SÃO JOÃO DA CRUZ
GLOSAS DA ALMA QUE PENA NÃO VER A DEUS
Em mim eu não vivo já,
E sem Deus viver não posso;
Pois sem ele e sem mim quedo,
Este viver que será?
Mil mortes se me fará,
Pois minha mesma vida espero,
Morrendo porque não morro.
Esta vida que aqui vivo
É privação de viver;
E, assim, é contínuo morrer
Até que viva contigo.
Ouve, meu Deus, o que digo,
Que esta vida não a quero,
Pois morro porque não morro.
Ausente estando eu de ti,
Que vida poderei ter
Senão morte padecer,
A maior que jamais vi?
Pena se assim eu persevero,
Morrerei porque não morro.
O peixe que da água sai
Nenhum alívio carece
Que na morte que padece,
Afinal a morte lhe vale.
Que morte haverá que se iguale
Ao meu viver lastimoso,
Pois se mais vivo, mais morro?
Quando penso aliviar-me
Vendo-te no Sacramento,
Faz-se em mim mais sentimento
De não poder-te gozar;
Tudo é para mais penar,
Por não ver-te como quero,
E morro porque não morro.
Se me deleito, Senhor,
Com a esperança de ver-te,
Vendo que posso perder-te
Redobre-se em mim a dor;
Vivendo em tanto temor
E esperando como espero,
Morro sim, porque não morro.
Livra-me já desta morte,
Meu Deus, entrega-me a vida;
Não ma tenhas impedida
Por este laço tão forte;
Olha que peno por ver-te,
O meu mal é tão inteiro
Que morro porque não morro.
Chorarei já minha morte,
Lamentarei minha vida,
Enquanto presa e retida
Por meus pecados está.
Oh, meu Deus! Quando será
Que eu possa dizer deveras:
Vivo porque já não morro?
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